Polímeros para um futuro mais sustentável: caminhos para a circularidade
Palestrante: Dr. Gabriel Perli, Marie Skłodowska-Curie Fellow, POLYMAT, Universidade do País Basco UPV/EHU- Espanha
Resumo: A produção e o consumo de plásticos em um modelo de economia linear são insustentáveis, pois geram resíduos mal geridos, poluição e altas emissões de carbono, ameaçando as metas climáticas e de sustentabilidade. Nos últimos 50 anos, a produção de polímeros cresceu significativamente, consolidando-se na economia contemporânea, mas sua durabilidade causa uma persistência ambiental preocupante.1 Com uma taxa de reciclagem de apenas 4% no Brasil, torna-se urgente adotar uma economia de carbono mais circular, que vise a redução do consumo, o reuso e a reciclagem, além do uso de biomassa e captura de CO₂ para minimizar as emissões. Cenários futuros indicam que atingir essa meta exigirá uma redução de 50% na demanda de plásticos, redução de fontes fósseis, e uma taxa de reciclagem de 95%, além do uso de energia renovável.2 Nesta apresentação, vou compartilhar exemplos de como podemos contribuir para o design de materiais mais sustentáveis. Primeiramente, serão apresentados os projetos de doutorado, nos quais foram realizadas sínteses de monômeros epóxidos baseados em líquidos iônicos com grupos cliváveis. Esses monômeros foram desenvolvidos para criar termofixos e compósitos com excelentes propriedades termomecânicas, os quais oferecem alternativas aos monômeros comerciais mais utilizados, baseados em bisfenol A. Em seguida, serão abordados projetos do pós-doutorado atual. Entre eles, destaca-se o desenvolvimento de espumas de origem biológica e isentas de isocianato, utilizando CO₂ como matéria-prima, e o uso de catalisadores para reciclagem química de polímeros. Outro foco importante é a criação de monômeros circulares – projetados para serem polimerizados, despolimerizados e repolimerizados, promovendo uma verdadeira circularidade. Esses exemplos demonstram como a química pode gerar soluções inovadoras que reduzem a pegada ambiental e promovem a circularidade. Por fim, gostaria de apresentar tendências e perspectivas para a química sustentável e as oportunidades de colaboração interdisciplinar nesse campo promissor. Referências: 1. Perli, G., Sardon, H. & Vidal, F. Reaction: Is a circular economy for chemicals and materials possible? Chem 10, 1961–1962 (2024); 2. Vidal, F. et al. Designing a circular carbon and plastics economy for a sustainable future. Nature 626, 45–57 (2024).